A vida é feita de ciclos
Quando resolvi começar minha vida profissional comecei faculdade de Moda, pois sempre amei arte e desenho. Fiz alguns cursos e aprendi algumas técnicas nos poucos semestres em que estive matriculada. Não dei continuidade porque desde os 16 anos eu tenho uma doença – que nunca teve um diagnóstico preciso – que limita meus movimentos e diminui consideravelmente minha imunidade.
Parti, então, para o Jornalismo. Sempre amei escrever e acho que é uma área onde me encontrei muito. Tive a oportunidade de trabalhar em diversos locais interessantes (desde o estágio na TV Rocinha até a TV Globo). Pude conhecer muitas pessoas maravilhosas (e outras nem tanto) devido a esse meio. Publiquei minha monografia como livro e tenho muito orgulho disso, além de eu ter vontade ainda de criar outras publicações com esse foco.
Entretanto, a arte sempre esteve ali, guardadinha no meu coração. Era como se tivesse sempre um chamado. Eu via materiais artísticos e o impulso comprar vivia latente.
No fim do ano passado meu marido me deu, de Natal, um cavalete de mesa, tintas acrílicas, pincéis e um kit de facas e espátulas de pintura. Resolvi que era o momento.
Acima, o primeiro quadro que pintei, no início deste ano. Um anoitecer em um lago. Vejo as pinceladas toscas, mas que tinham propósito. Algo adormecido, que com algum refinamento iria melhorar.
Em junho deste ano fui ao Brasil – atualmente moro nos EUA – e comecei aulas de desenho e pintura no Estúdio Casarão, um centro cultural que envolve tatuagens e arte que meus primos abriram em Niterói, no estado do Rio. Voltei para casa e não parei as aulas. Continuo online porque, definitivamente, uma vez que você abre a caixa de Pandora não tem mais como voltar atrás.
Essa segunda imagem é uma releitura do destaque em preto e branco da obra Medusa, do pintor italiano Caravaggio. Com o auxílio do professor Roberto D’Albuquerque tenho ido cada vez mais longe naquilo que sempre foi meu sonho mais caro: me profissionalizar na arte.
Sei que vivemos em um mundo em que nem todos têm o privilégio de se desenvolver naquilo que amam. Vivemos em uma sociedade em que as pessoas precisam se virar com o que têm, inclusive, eu só estou tendo aulas e me desenvolvendo assim por conta da minha família, no Brasil. Infelizmente a maioria das pessoas não pode se dar ao luxo de ter alguém que banque os nossos ideais.
Entretanto, se de alguma forma você tiver algum auxílio e desejar muito se desenvolver em algo que você é apaixonado desde sempre, tente. Não desista. Vivemos em um mundo que poda nossas aspirações, mas elas estão sempre lá, adormecidas. Cabe a nós acordá-las sempre que possível.
Esse não é um texto para dizer que a vida é fácil ou que todos os desejos são possíveis de serem realizados, mas que não podemos simplesmente varrê-los para debaixo da terra. Entrar em contato com aquilo que nos motiva torna a nossa realidade menos dura. Ainda há esperança para os nossos sonhos.
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