À antiga versão de mim
É engraçado reler meus antigos textos, tão sofridos e cheios de angústias, e pensar que algum dia eu já fui assim. Vejo cada palavra tão doída, sentimentos tão confusos e perdidos, e me vejo hoje outra pessoa. Talvez se eu não tivesse sido você um dia, não estaria aqui. E é a você que digo adeus.
O adeus que lhe dou não contém saudade ou nostalgia. Você foi a pessoa que eu precisei ser para que hoje, com os pés no chão, eu possa olhar para frente. Sabe as amarras que eu tanto julgava ter? Elas foram desatadas, e os nós se tornaram laços de ternura e amparo; e todas as vozes que eu queria calar hoje não passam de silêncios.
Enquanto eu redijo essas palavras a você, preciso parar pra olhar quem realmente faltava no meu mundo: minha filha, que adormece, resfriada, ao meu lado. Se houve um dia qualquer sentimento que eu pensasse ter e que fosse mais forte do que qualquer coisa, tenha certeza de que não é nem um sopro do quanto a minha pequena significa para mim.
Eu aprendi, antiga amiga, a amar além dos limites do tempo, da distância e do espaço. Aprendi que relações de amor só são importantes quando se têm cuidado e cumplicidade. Nada do que você tenha vivido antes fora o que eu tenho hoje. Nada. O amor de hoje é o amor de amanhã e depois de amanhã, e não é finito como costumava ser na sua época. É um amor que não urge, ele apenas está aqui, calmo como a manhã, e sereno como os rios que ele cuida.
Não me reconheço mais em ti e hoje sou tua melhor versão. Os cabelos brancos que começam a surgir não me assustam mais, pois tenho a certeza de que agora finalmente estou no rumo certo: não preciso mais pedir.
Texto publicado no meu Tumblr Textos da Lívia Lamblet
Leave a Reply